As escolas têm que ensinar as crianças e os jovens a se alimentarem bem, e a educação alimentar e nutricional deve estar presente em todas as matérias, da biologia à matemática.
Essa é a ideia central de uma demanda encaminhada ao governo federal pelo Observatório da Alimentação Escolar, formado por 23 organizações e movimentos sociais que atuam na defesa da melhora nutricional dos estudantes brasileiros.
Em nota técnica direcionada ao MEC (Ministério da Educação), o grupo de especialistas recomenda que conteúdos sobre alimentação e nutrição sejam incluídos nos livros didáticos fornecidos gratuitamente pelo governo às escolas públicas. A recomendação é para que essa temática conste dos editais do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático), que compra os livros didáticos para as escolas com verba federal.
O documento ressalta que a inclusão da educação alimentar e nutricional nos currículos foi estabelecida por uma lei federal em 2009 e reforçada por meio de um decreto de 2023, como estratégica para a promoção de uma alimentação adequada para crianças e adolescentes.
Mas um levantamento realizado pelo Instituto de Nutrição da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) constatou que, nos livros didáticos, a alimentação e a nutrição costumam ser abordadas de forma restrita, são reduzidas a seus aspectos biológicos, ensinando, por exemplo, que alimentos são fontes de proteína ou de carboidrato.
O estudo elaborou uma matriz curricular com sugestões para se trabalhar esse tema nas mais diversas disciplinas, em todas as faixas da educação básica. Essa matriz foi desenvolvida pela Uerj em parceria com a coordenação-geral de alimentação e nutrição do Ministério da Saúde e com a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde).
"Em uma aula de história, por exemplo, pode-se pensar sobre os alimentos nas diferentes épocas", afirma a nutricionista Giorgia Russo, mestre em políticas públicas em alimentação e nutrição, que é integrante do comitê consultivo do Observatório. "Na disciplina de geografia, é possível abordar a agricultura e seu modelo econômico, desde o início até os dias de hoje."
Para Russo, com uma formação adequada dos educadores, a inclusão dessa temática nos currículos não irá sobrecarregá-los, e sim servir como uma ferramenta de apoio, fazendo com que conceitos teóricos sejam compreendidos pelos estudantes de uma maneira prática, na vida real.
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