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VEREDAS DA RESISTÊNCIA

progamação da 3º edição - Varedas da Resistência

10/07/2025 às 10h49
Por: PROVISÓRIO Fonte: canudosacontece.com
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VEREDAS DA RESISTÊNCIA

Abertura 10/07 _ 16h30

Nesta quinta-feira, dia 10/07, inicia-se a travessia das Veredas da Resistência. Às 16h30 caminhantes de diversas partes do Brasil saem da UNEB/Canudos em direção ao Parque Estadual de Canudos. Será realizada uma visitação livre no IPMC e no Memorial Antônio Conselheiro.
A programação conta ainda com apresentação da Banda de Pífanos e uma contextualização histórica com Josefa Maria Régis Irmã e João Batista.

Encerramento 13/07_13h

O dia 13 de julho, domingo, marca o encerramento da travessia com a chegada dos caminhantes em Uauá prevista para às 13h. Haverá uma recepção cultural na Igreja Matriz de São João, com intervenções artísticas e musicais.
Logo após, todos estão convidados para um forró com Cláudio Barris na casa de Auto Barbosa.
 

Veredas da Resistência
Uma caminhada no coração do Brasil propõe ir muito além de testar os limites do corpo. É também uma forma diferente de conhecer particularidades da história e da geografia do sertão baiano.
 
Canudos está nos livros de história, na obra Os Sertões, de Euclides da Cunha e em outras centenas de publicações, documentários e matérias jornalísticas. No interior da Bahia, esse vilarejo que já foi destruído pelo Exército e alagado por açude, sobrevive à sua maneira. 
Mais de 120 anos após a carnificina que arrasou a região, um grupo de caminhantes se reúne, anualmente no mês de julho, para refazer o percurso historicamente conhecido como “madeira da discórdia”. Batizado de Veredas da Resistência, ele perfaz 65 km durante três dias, saindo de Canudos Velho e chegando ao município de Uauá. Na noite que antecede o início da caminhada, o grupo é recebido por uma banda de pífanos e pelo acolhimento dos moradores locais.
No trajeto, os caminhantes passam por lugares emblemáticos como o Alto da Favela, o Vale da Morte e a Lagoa de Sangue, todos eles cenários da Guerra contra Canudos. Passam também pelas comunidades de Mandaipó, Barra da Fortuna e Algodões.  É nessas comunidades que o grupo acampa, tendo a alimentação garantida pelas mulheres da região, que utilizam produtos oriundos da agricultura familiar em pratos típicos da culinária do lugar.
O motivo para que o Veredas aconteça no mês de julho tem a ver com o clima, que nessa época do ano é um pouco menos quente que nas demais. Mas, sim, o inverno na caatinga é quente. E é seco, com noites de céu estrelado que se transformam em palco para uma programação pedagógica e cultural, que inclui cantoria, festejos e conversas sérias. 
No percurso, sempre feito durante o dia, é possível encontrar bodes, cabras, preás, mocós e outros animais típicos daquele habitat. A mata branca, com é chamada a vegetação do semiárido quando adquire um aspecto esbranquiçado com o fim das chuvas, é composta por juazeiros, acácias, umbuzeiros, além do xique-xique, do mandacaru e da coroa de frade. É se embrenhando por essa paisagem que o Veredas da Resistência atravessa um território marcado por grandes contradições de batalhas e resistência que se mantém até os dias atuais.
Nesse contexto, o caminhante também tem a oportunidade de despertar para a importância da preservação da fauna e da flora caatingueira na reprodução da vida das comunidades sertanejas. Mayara Andrade, moradora de Uauá e uma das organizadoras do Veredas, aponta a caminhada como “uma oportunidade de adentrar os aspectos socioambientais, territoriais e culturais que permeiam a caatinga do Semiárido baiano”. Com isso, a proposta de retomar as veredas pelas quais peregrinaram os conselheiristas com destino à antiga Vila de Uauá é um convite a lembrar, nas palavras da socióloga Joana Barros, que “Canudos – sua gente, seu chão e suas lutas – resiste e continua em disputa”.
A Canudos de hoje é a terceira da história. A primeira, criada no século 18, foi destruída pelo Exército em 1897. A segunda surgiu por volta de 1910, construída sobre as ruínas da anterior e os primeiros habitantes eram sobreviventes do conflito. Em 1950, com o início das obras da barragem que inundaria o local, os moradores começaram a sair, formando um novo vilarejo a uma distância de cerca de 20km. A segunda Canudos desapareceu sob as águas do açude de Cocorobó, em 1969. O vilarejo tornou-se, em 1985, a terceira Canudos.

A caminhada do Veredas da Resistência é feita desde 2019 e a partir de 2023, é aberta ao público. Os interessados pagam de diferentes formas pela expedição, já que há uma modalidade de financiamento para contemplar quem não tem recursos, porém não carece em desejo de participar. Apesar do apoio das prefeituras de Canudos e de Uáuá e também da Coopercuc, a expedição ainda não conta com patrocínio da iniciativa privada.
Além de água e alimentação, acampamentos organizados, guias experientes e primeiros socorros, o caminhante pode desfrutar de uma rica programação cultural que conta com artistas locais e pesquisadores, que narram sobre o contexto da caatinga, a Guerra contra Canudos e outras particularidades locais. 
Não é raro, durante os deslocamentos, um ritmado pandeiro iniciar uma cantoria que costuma contar um pouco da história de quem ali vive. Este ano, a reunião do grupo irá acontecer sob a lua cheia, numa quinta-feira, no Parque Estadual de Canudos, onde o Memorial Antônio Conselheiro garante o não apagamento de um dos momentos mais sombrios vividos no Brasil. Na sexta pela manhã, os caminhantes fazem um reconhecimento do parque e, logo depois, partem rumo à Uauá.

No encerramento, já em Uauá, a emoção é grande: depois de três dias em contato com a história, com a dor de uma guerra abominável e também com belezas naturais únicas, o corpo leva junto uma mistura de sensações que se relacionam à resistência – presente também no espinhento bioma da caatinga – e à energia de um povo que, em seus festejos e shows de música, permanece com uma alegria contagiante. Não é uma caminhada para quem quer apenas testar os limites do corpo. É para quem quer sentir e viver algo além, que decifra um pouco as entranhas desse enorme país. 
Para além de ser rememorada na chave da violência, a experiência de Canudos também deve ser lembrada como referência, inspiração e legado. Ali, um conjunto de mulheres e homens sertanejos, pobres, indígenas, negros e ex escravizados fundaram uma alternativa ao projeto modernizador excludente.  Esses sujeitos resistiram defendendo uma forma de sociabilidade alternativa àquela imposta pela modernização latifundiária. Palmilhar essa terra nos dias atuais é uma experiência única, que mostra que a vida insiste em brotar com força e vigor.

Como chegar:
O aeroporto de Salvador fica a 405 km e o de Petrolina a  191km de Canudos, para onde se vai de ônibus ou carro.
Para saber mais: @veredasdaresistencia

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