Em um passeio pelo interior da Bahia é possível encontrar pessoas cativantes e inúmeras paisagens de tirar o fôlego, principalmente para quem é apaixonado pela natureza. Lá, predomina a vegetação da Caatinga, um ecossistema único, 100% brasileiro, formado por árvores de pequeno porte com folhas reduzidas ou modificadas em espinhos, além de uma grande quantidade de espécies de animais bem adaptados para sobreviver neste ambiente quente e de chuvas escassas, como a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari).
Segundo o International Union for Conservation of Nature’s Red List of Threatened Species, considerado um indicador crítico da saúde da biodiversidade, a ave é classificada como “em perigo”, principalmente devido ao tráfico de animais silvestres e pela destruição de seu habitat. Entretanto, a expectativa é de que este cenário mude graças ao avanço de ações em prol da conservação e preservação da espécie, bem como de uma das suas principais fontes de alimento: o licuri.
Para a implementação do Complexo Eólico de Canudos 1 & 2, temos investido em programas de conservação das araras-azuis-de-lear e da palmeira do licuri, principal alimento das aves. O trabalho é desenvolvido em parceria com as consultorias Qualis Consultoria Ambiental e Realize Empreendimentos Sustentáveis, que reúnem profissionais que são referência em estudos sobre a arara-azul-de-lear no Brasil e conservação do licuri.
O Programa de Conservação da Arara-azul-de-lear tem como foco a pesquisa aplicada à ecologia da espécie e é dividido em três importantes pilares:
Monitoramento e mitigação do potencial impacto que o Complexo Eólico de Canudos pode ter na dinâmica populacional destas aves, considerando aspectos como reprodução, a expansão populacional e a dispersão dos indivíduos juvenis e adultos na região;
Para a conclusão das etapas propostas pela empresa, foi elaborado um diagnóstico de risco e a definição de eventuais áreas de exclusão do empreendimento a fim de garantir a segurança do habitat e a proteção integral de regiões identificadas como prioritárias.
Durante as duas primeiras etapas dos programas, os pesquisadores da consultoria ambiental acoplaram em alguns indivíduos pequenos aparelhos que transmitem sinal de GPS. O objetivo é rastreá-los em locais estratégicos e inferir sobre a área de vida destes animais, seus principais locais de alimentação, rotas de voo e comportamento. Hoje, já é possível identificar novas áreas de ocorrência da espécie e, consequentemente, a sua expansão populacional.
Até o momento, já investimos mais de R$ 2 milhões para a restauração do habitat da arara-azul-de-lear, e temos como objetivo injetar mais de R$ 10 milhões ao longo dos próximos anos. Este valor será aplicado em conhecimento científico, educação ambiental, desenvolvimento socioeconômico, medidas eficazes de mitigação dos impactos ambientais e na criação de uma unidade de conservação para proteção de áreas vulneráveis para a espécie e para os licuris.
Programa de Conservação e Repovoamento do Licuri
As ações de conservação das araras-azuis-de-lear também envolvem a proteção do seu principal alimento: o licuri. O Programa de Conservação e Repovoamento do Licuri, também dividido em três frentes, tem por objetivo ampliar o conhecimento dos processos ecológicos da palmeira, além de desenvolver estratégias de mitigação e reversão dos fatores de ameaça que esta árvore já sofre na natureza.
A primeira estratégia é voltada para a proteção do licurizeiro e consiste em identificar e monitorar como a palmeira se distribui no entorno do empreendimento e nas regiões utilizadas pelas aves, além de mapear as áreas que precisam de replantio.
A segunda visa entender e sugerir ações para a mediação dos conflitos ambientais que existem com o uso dos recursos da árvore, que não é importante apenas como alimento da arara, mas também para o sertanejo que faz uso de suas estruturas (folha, palha e coco) para atividades culturais e agrícolas. Já a terceira medida está focada em definir ações de educação ambiental que estimulem práticas sustentáveis do licurizeiro pelas comunidades rurais.
“A Arara-azul-de-lear é um dos tesouros da Caatinga e não estamos medindo esforços para garantir o crescimento dessa população e a qualidade do seu habitat. Contamos com a orientação e o empenho de biólogos especializados na espécie, e pretendemos, além de adotar medidas que garantam a proteção das araras dentro do Complexo Eólico de Canudos, colaborar com estudos inéditos para ampliar o conhecimento a respeito das aves na região deixando um legado técnico-científico para o país”, destaca Robert Klein, CEO da Voltalia no Brasil.
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