Com até um metro de comprimento e plumagem azul-cobalto marcante, a arara-azul-grande é a maior arara do mundo e um dos principais ícones da fauna brasileira. No Pantanal de Mato Grosso do Sul, onde vive a maior parte da população, a espécie encanta ao sobrevoar os campos abertos em duplas ou pequenos grupos familiares.
A ave pertence à família dos psitacídeos — a mesma de papagaios e periquitos — e chama atenção não apenas pelo porte imponente, mas também pelo comportamento social.
Formam casais fiéis e dividem todas as etapas do ciclo reprodutivo, do ninho ao cuidado com os filhotes.
A distribuição natural da arara-azul-grande abrange o Pantanal brasileiro, boliviano e paraguaio, além de áreas pontuais no Norte e Nordeste do Brasil.
No entanto, é no Pantanal que ela encontra o ambiente ideal, graças à abundância de palmeiras nativas, essenciais para sua sobrevivência.
A alimentação da espécie é bastante seletiva. Seu cardápio inclui frutos de palmeiras como acuri, bocaiuva, tucum, piaçava, iajá e catolé.
Com um bico extremamente resistente, ela consegue quebrar sementes duras, ajudando ainda na regeneração natural da vegetação — um importante papel ecológico.
No Pantanal, cerca de 90% dos ninhos são encontrados em ocos de árvores de manduvi. Mas, mesmo com esse comportamento fiel e colaborativo entre os pares, a taxa de sucesso reprodutivo é baixa: poucos filhotes sobrevivem até a idade adulta. A escassez de locais adequados para ninho e a perda de habitat são os principais entraves.
Além disso, as araras-azuis enfrentam ameaças como o tráfico de animais silvestres, o desmatamento, os incêndios florestais e as mudanças climáticas.
Longos períodos de seca e queimadas têm reduzido drasticamente a presença das palmeiras que sustentam sua alimentação.
Apesar dos desafios, a arara-azul-grande é hoje um símbolo de esperança. Nos últimos 30 anos, o trabalho do Instituto Arara-Azul, liderado pela bióloga Neiva Guedes, tem revertido o risco de extinção da espécie.
Com o monitoramento de ninhos, ações educativas e projetos de proteção, a população da ave no Pantanal saltou de aproximadamente 1.500 para mais de 5 mil indivíduos.
Mín. ° Máx. °